segunda-feira, 24 de setembro de 2018

2º dia - Nova Deli






Hoje o dia começou às 7.00h e com muito sono… O excesso de cansaço foi recuperado na viagem que nos esperava. Cerca de 250km em mais de 5 horas - distancia de Deli a Jaipur.
Surpreendeu-me ver a autoestrada de 3 faixas para cada lado, mas já não me surpreendeu ver só camiões a circular nela! (as vacas). Aqui vêm-se menos pessoas e as que fomos passando  ou estavam nas suas lides rurais ou à beira da estrada com as suas bancas de venda (sabe-se lá se alguém pára para comprar alguma fruta…). Não se vê muita pobreza, apenas um país rural.
Aproximando de Jaipur já se começa a ver alguns carros, e levámos mais um choque com o tráfico e quantidade de pessoas. Parece que havia ainda mais pessoas e muitas mais motas. Uma loucura. Muitas pessoas sem fazer nada, a ver a vida a passar. Homens, mulheres, jovens e crianças a brincar. Certo é que as mulheres são em minoria mas é impressionante as pessoas que se vêm na rua sem fazer nada, ainda que alguns nos venham pedir alguma esmola. Esta cidade talvez seja a mais desenvolvida de todas e deu para ver de fato as lojas com marcas bem conhecidas na Europa, com dimensões normais.
O passeio dos elefantes, apesar de ter sido fantástico e único, notou-se bem a agressividade dos comerciantes indianos, fazendo o seu filme, choradinho, tentando manipular o turista. Estão desesperados para vender, apesar de tentarem disfarçar toda a sua ansiedade, para não correr riscos de afastar a 'presa'. Acredito que muitas pessoas destas estão nesta área por necessidade e não por vocação, com toda a certeza. Pela falta de oportunidades que têm e pela quantidade de turistas que chegam diariamente, vêm aqui uma chance de ter algumas rupias e sobreviver nesta sociedade.
A India tem mais de1.300 biliões de habitantes. O território é grande e as pessoas estão muito concentradas nas cidades. Quem consegue governar tantas pessoas e com um ponto de partida tão abaixo da média (da que o europeu conhece)…
E neste numero não estão contabilizados os emigrantes ilegais. Teria que haver, realmente, um governo muito rigoroso para colocar esta população com um nível de vida superior. Apesar de já estarem a ser  implementadas algumas medidas nomeadamente no setor de educação, mas há ainda muito por fazer. Mas história politica à parte, não deixa de ser um país muito interessante com uma história muito rica, que ainda por cima nos inclui.
Chegados a Jaipur, para além das visitas aos comerciantes fomos visitar um templo hindu. E mais uma vez toda a emoção veio ao de cima, com toda aquela devoção, leveza, genuinidade e respeito. Um templo todo ele em mármore, apesar de contradizer toda a simplicidade daquele povo. Com simplicidade e magnitude, discrição, é difícil passar ao lado de toda aquele ambiente. Dava vontade de ficar mais tempo. Este foi sem duvida o ponto alto do dia e foi este momento que ficou marcado na minha memória e no meu coração.

Até amanhã India. Espero novas aventuras.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Viagem à India - 1º dia Nova Deli












O dia esperava-nos quente e húmido. O que nos safou foi estar o céu encoberto caso contrário seria muito difícil.
As expectativas eram enormes, o coração estava aberto mas nunca se encontra aquilo que mais ou menos o cérebro vai preparado para processar.
A confusão nas ruas, os cheiros, o barulho, pessoas a viverem à beira da estrada, nos passeios...crianças, velhos, famílias que aí têm os seus lares. Esta foi a parte pior do dia, devo dizer.

Dava logo para perceber que o povo da Índia é muito nobre em relação a valores e respeito. Deve haver quem contraria esta minha observação mas no geral, há aspectos que podemos observar que não se encontra em qualquer local. Os animais convivem muito facilmente com as pessoas, vê-se os cães sem medo, (apesar de magros e desnutridos), vê-se cabras, vacas, cavalos, porcos. Até os esquilos brincam com as pessoas que ao lado lhes passam e até parecem querer desafiá-las para uma brincadeira.
As pessoas são calmas no geral, não vejo stress, pressas, irritação. No transito vê-se alguma impaciência mas penso que isso se deve à falta de regras, ou quem as cumpra...
Vi também muita vegetação na cidade, coisa que numa outra cidade europeia nem metade se viria. Em Nova Deli encontra-se muita vegetação, é de facto uma cidade muito verde. Só não sei se é por preguiça, por fala de verbas ou mesmo por opção.
Passámos uma visita muito rápida por monumentos, mas no dia de hoje o que mais me marcou e que ainda agora guardo o cheiro foi a mesquita muçulmana onde dão cerca de 30.000 refeições por dia a quem quiser e precisar. Visitámos a cozinha e contornámos o salão onde vimos pessoas que possivelmente iriam ter a única refeição do dia. Completamente descalços o cheiro de todo este espaço era nauseabundo.
Já o local de oração deixou-me emocionada. Aqueles sons, aquelas cores, a fé que se via naquelas pessoas, deu-me vontade de ficar um pouco ali. Aquela vontade de me desligar da vida europeia. Infelizmente o nosso guia, não gostando dos muçulmanos achou por bem sairmos de lá quanto antes.
Mas saímos dali e continuamos na descoberto dos monumentos. A Índia é riquíssima em monumentos para visitar. Fomos ao jardim construído em memória do Gandhi e percebemos que  Gandhi não foi um herói para eles, como nós julgamos. Passámos pela maior mesquita de Nova Deli, e fomos a outro momento do dia - o passeio pelas ruas da Velha Deli, puxados por uma bicicleta. A adrenalina subiu um pouco. Uma coisa é presenciar o transito no interior do nosso mini-autocarro, outra coisa é mergulhar nesse transito e fazer parte dele. Só consigo assemelhar a uma volta nos carrinhos de choque tirando a parte do bater de propósito, claro.
Um misto de medo, com surpresa, euforia, vontade até de mais. Mais uma vez aqueles cheiros, muitas pessoas, as minúsculas lojas, a serenidade estampada na cara das pessoas habituadas ao caos e mais preocupadas com os seus afazeres.
Não posso deixar de falar daqueles, grande parte homens e algumas crianças/jovens, que ficam parados a observar aquela vida a passar, como se nem fizessem parte dela. Não há outra para escolher...
Foi um dia muito cansativo, até porque ainda não se recuperou da viagem e da diferença horária, mas estou de coração cheio. Pela intensidade do dia parece que já estou aqui há um mês.
Vamos ver o que nos reserva o dia a seguir....

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

O regresso e um reinício





Estou de regresso ao meu querido Blog.

Em tempos, era uma maneira de comunicar os meus estados de espírito e as minhas opiniões. Com a abertura da conta do Facebook achei que este canal ficaria sem significado, ou pelo menos com muito pouca expressão. Na verdade estava enganada. Aqui há mais profundidade, transparência e sobretudo à vontade (por mim falo).

Também algumas coisas se passaram para não conseguir chegar à profundidade de um blog e ficar-me pela superficialidade do facebook. Tratou-se mesmo de uma necessidade. Uma mudança de vida pessoal, um espaço a abrir, uma viagem à India. E tantas outras experiências e leituras que fazem com que agora a Filipa Magalhães esteja um pouco diferente desde a ultima publicação.

Mas este é um regresso e um reinicio, não se trata de uma continuação. Regresso - porque a ausência foi durante um tempo considerável e reinicio - porque muito da estrutura da Filipa se transformou e se reinventou. A essência está cá, mas os olhos já são diferentes.

Irei, nos próximos dias, partilhar aqui os dias que passei na India, a minha percepção, o meu sentimento, aquilo que os meus olhos do coração viram. A experiência foi única e muito enriquecedora. Os horizontes abriram um pouco mais. O choque foi imenso, mas a grandeza do acontecimento é muito mais que qualquer percepção minimalista.

Namasté.