sábado, 2 de dezembro de 2017

E quando a tristeza não nos quer largar? O que fazer?




Muitas pessoas com quem tenho contatado, sejam amigos ou clientes vivem as suas vidas fazendo o seu melhor, querem e buscam a felicidade incessantemente, tentam acertar sempre e quando pensam que estão a fazer o melhor para elas (ou para a felicidade delas...) caiem novamente em situações ou em pensamentos que as deixam tristes e angustiadas. Além da situação em si, têm também que lidar com a frustração de terem tentado fazer o seu melhor e mesmo assim não correu bem. São invadidas por pensamentos de que se pudessem voltar atrás no tempo, e se soubessem que era para ser assim,  tinham feito de outra maneira apenas para evitar aquela situação.

Mas aconteceu! E a tristeza bateu à porta novamente...
E depois é seguir a espiral de todos os sentimentos e emoções a que todos nós, naturalmente, fugimos - a raiva, a traição, o abandono, a rejeição, a culpa, a punição, o desalento, o medo, a tristeza profunda, a depressão, e por aí fora.

O que fazer nestas situações?

Como devem saber não há uma cura milagrosa, nem um mantra que se possa cantar e muito menos uma meditação milagrosa que arranque tudo o que se passa dentro de nós e fora de nós ao qual não podemos controlar. Claro que há 'mesinhas' que podem aliviar alguma tensão ou pensamento mais obsessivo, alguma invocação dos anjos e guias, sim há! Mas tudo isto, no máximo, ajuda a ultrapassar com menos tensão, mas não resolve nada.

A primeira coisa a fazer....
É ir à dor, ou seja, permitirmo-nos libertar toda a tensão, nervosismo, alguma raiva que possamos estar a sentir pelo fato de estar a acontecer algo que não queríamos, (e provavelmente até andávamos a evitar). Para conseguir ir à dor depende da pessoa, mas posso sugerir permitirmo-nos ouvir aquela musica que toca no coração, que faz sobressair a nossa fragilidade, que nos desnuda por completo. Ou uma ida à praia ou à natureza. Procurem algo que vos fragilize. Em vez de procurar uma solução, parem de resistir a essa procura da solução, e rendam-se ao acontecimento, ou àquilo que vos inquieta. Mas não é ficar na dor!!
A ideia é  deixar de resistir e aceitar os factos que não dependem de nós, do nosso ego. Se estou a ter um pensamento cismático, em vez fugir dele, não vou mais resistir e vou fragilizar-me perante ele.
Aqui pode dar vontade de chorar incessantemente ou até pode, numa primeira fase, aumentar a raiva e a tristeza. Isso só significa que têm de ficar ainda mais tempo nessa fragilização.
É o tempo de limpeza. Limpeza da sujidade maior, digamos.

A segunda coisa a fazer....
Depois da limpeza ligeira, é irmos mais a fundo. (Porque é preciso de sair da primeira fase senão corremos o risco de começarmos a vitimizar-nos).
Esta fase é entrar na fragilidade, na tristeza, na deceção, na cisma, naquilo que nos inquieta. Costumo dizer que é ir por detrás e descobrir os meandros desse labirinto. O que me levou a essa tristeza? Porquê? Quando começou? O que despoletou? Em que situação e com quem? O que é que essa pessoa serviu para me mostrar que eu ainda tinha 'isso' dentro de mim? O que me faz ir sempre a este pensamento? Porque é que isto me está a acontecer? O que é que a vida me quer dizer com este acontecimento? Todos nós conseguimos fazer este exercício com nós próprios!
Nesta fase seria bom escrever. No diário, num papel em branco, num papel para depois queimar (conforme sintam a necessidade). Também seria bom e razoável falar com alguém sobre o que estão a 'ver'. Não precisa de ser com a(s) pessoa(s) que também está(ão) na situação (se calhar não será razoável inclusive).

A terceira coisa a fazer ( e talvez a ultima)...
Depois da compreensão, sem culpas para ninguém, aceitando os factos, os acontecimentos, analisando as probabilidades do pensamento cismático ser realista, enfim, depois desse passo para o auto-conhecimento... é largar!
Largar o acontecimento, o pensamento (para deixar entrar outros novos e conscientes). Largar o passado e deixar de parte qualquer tentativa de controlo. Existe sempre algo maior acima de nós, que nós não podemos nem devemos controlar. Deixar ir, por muita tristeza que agora venha. Mas agora é uma tristeza pura, honesta, com esperança que amanhã seja melhor. O ego saiu de cena e entra em cena o coração. E o coração vive o presente, aceita a emoção e faz crescer a alma.

Aconselho a não passar muito tempo em cada uma das fases. Tudo isto pode ser feito de um modo quase instantâneo quando bem integrado. Claro que no inicio demora mais tempo passar cada uma das fases, mas nunca se deixem lá andar mais de 3 dias.

Vão ver que conseguem descobrir mais sobre a vossa alma, a vossa personalidade, o vosso ser maravilhoso.

Bem hajam!